LABIRINTO, UMA EX-POSIÇÃO
(por Maria Fernanda Furtado Diniz, membro filiado da SBPRP)
O contato com o mundo que me cerca, as ressonâncias das vibrações daqueles que penetram minha alma, as agitações constantes das entranhas do meu ser, me levam a ser tomada pelo que sinto, cegada pelo que vejo, inundada por sensações…
Certa hora de uma noite de Outubro de 2016, o barulho interno se fez ouvir, o sono não me ocorria… Inquieta, nem o choro despertado me era refúgio. A tinta da caneta preta e o branco do papel me surgiram como companhia e, sem saber o que nossa possível união geraria, arrisquei e risquei.

As linhas foram sendo traçadas… um, dois e mais rostos foram se formando, olhos aparecendo, em um ritmo que preencheu todo aquele espaço. Algo estava em processo de criação e eu estava, ali, sendo criada. Adormeci.
Assim nasceu o primeiro de muitos outros desenhos que desconhecia completamente. Se vem da alma, do infinito, da dor dilacerante, do contato com o outro, comigo, ou da mistura disso tudo, não sei.
Sei, ainda sem tanta clareza, que me ocorrem visões, linhas, traços que em união transformam-se em imagens, às vezes apresentadas para mim pela primeira vez, outras vezes me assustam e não as reconheço. Uma estranha nova vida em processo de habitação, exploração…
Entre o tumulto das linhas, o ritmo dos traçados, o escuro do negro, sou encontrada. Contornos, contrastes, formas, deformações, lagrimas, mãos, olhos, rostos, gritos, me tragam papel adentro.
A tinta é o canal possível que me aproxima do indizível que me habita.


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A GRADE DO OLHAR
(por Daniel Rodrigues de Freitas, membro filiado SBPRP)
Os olhos são órgãos muito versáteis. Podem ser tentáculos, o primeiro movimento em direção a agarrar algo.
Janelas da alma, é para onde olhamos quando buscamos uma conexão com alguém. Dentes! Comemos, às vezes devoramos com os olhos. Podem ser armas, raios, fulminamos com o olhar. Temos a capacidade de um olhar felino, olhos de águia, olhar vivo, olhar parado, olhar sem brilho, olhar sanguinário, olhar fanático, olhar apaixonado, olhar sufocante, olhar convite, suplicante… a lista é longa.
Longa, na verdade, são as perturbações que a presença do outro nos causa. O olhar do outro nos modifica. Com nosso olhar modificamos o outro. Essa perturbação/modificação se dá no comportamento “somente”, ou vai além, a ponto de modificar quem somos?
Assim vejo a obra da Dra. Maria Fernanda Furtado Diniz. Um labirinto de olhares e contatos onde a artista apresenta sua personalidade e seu mundo. Com um conjunto rico de obras, podemos observar a assinatura, as características estéticas inconfundíveis da autora, existentes em cada uma delas. Convida-nos a sentir e apreciar essas perturbações constantes, que às vezes preferimos “passar batido”.
Quem sabe achamos um caminho nesse labirinto?

17 de junho de 2017 at 16:33
Parabéns, Maria Fernanda pelo trabalho tão impactante pela beleza e o acesso simultâneo as profundezas de nossos labirintos… Maravilhoso.
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17 de junho de 2017 at 23:24
Fernanda e Daniel, parabéns pelos textos poéticos e integrados que produziram. Quanto às gravuras, belíssimas, mobilizam múltiplos olhares sobre a condição humana. Quanta sensibilidade!!!
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18 de junho de 2017 at 11:54
Parabéns pela obra criativa produzida, em arte gráfica e literária. Coleciono marcadores de livros e fiquei encantada com sua arte sobre couro e queria muito ter um marcador assim 😍
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18 de junho de 2017 at 16:33
MaFer, emocionei!! Seu labirinto é um mapa de sentimentos, semiologia gráfica do inconsciente!
Todos sofrem, mas o artista vai além. Você foi além.
👏👏👏👏👏
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18 de junho de 2017 at 17:08
Parabéns Daniel,belissima obra,traz da alma,um sentimento marcante.
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20 de junho de 2017 at 09:29
Lindos trabalhos literários e artístico. Fernanda, suas gravuras são impactantes e belíssimas. Adorei conhecer um pouco das suas produções.
Muito obrigada!
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