por Luciana Mian, Membro Filiado da SBPRP
O Freud Museum é um museu biográfico aberto na casa onde Freud viveu o último ano de sua vida. Está localizado em Maresfield Gardens, número 20, Hampstead, um subúrbio de Londres.
Convido-os a apreciar sua beleza através deste tour virtual.
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Mas antes, gostaria de compartilhar com vocês algumas informações e curiosidades:
Não parece ter sido fácil para Freud sair de Viena. Segundo Peter Gay (1988), “um dos obstáculos mais ferrenhos à salvação do Freud era o próprio Freud” (pág. 563). Com 82 anos, há 15 lutando contra o câncer, ele usava vários argumentos para não se mudar: ressaltava a indisposição de uma Europa que sofria com desemprego pela guerra e que seria “ferozmente inóspita” a novos imigrantes, dizia não ter forças e saúde suficientes para sair de sua cidade e que se sentia abandonando o país.
Tendo viajado rapidamente para Viena para intervir junto à Freud em favor de sua mudança, Ernest Jones, perspicazmente conta-lhe a fala do segundo oficial do Titanic, ao ser questionado em que momento ele havia abandonado o navio: “Nunca deixei o navio, senhor; ele é que me deixou” (pag. 564). Lightoller havia sido atirado à água com a explosão da caldeira, quando o navio estava soçobrando. A fala de Jones parece ter, felizmente, tocado Freud. Mas o fato decisivo para convencê-lo de que era hora de partir, parece ter sido a prisão de sua filha Anna pela Gestapo para interrogatório. Após este episódio e com a ajuda de várias pessoas influentes, Freud e algumas pessoas de sua família conseguiram recuperar seus passaportes apreendidos e mudaram-se para Londres.
A casa onde hoje é o museu foi a segunda residência de Freud em Londres, tendo mudado para a mesma em 27 de setembro de 1938. Segundo Peter Gay “a casa era arrumada conforme suas necessidades e vontades, para que se sentisse o mais humanamente possível à vontade” (pág. 573). Uma curiosidade: pagando um alto preço, a família havia conseguido levar para Londres alguns bens que foram resgatados dos nazistas – seus livros, antiguidades, e alguns móveis, dentre eles o famoso divã. Como a empregada que estava com a família desde 1929 havia se mudado com eles, ela “conseguiu colocá-los fielmente nos lugares que haviam ocupado antes da maneira mais precisa que conseguia se lembrar” (pág. 573).
Freud aproveitava muito do jardim da casa, passando muito tempo do lado de fora, lendo e descansando num banco de balanço. Mesmo estando fisicamente debilitado, Freud voltou a trabalhar no seu texto “Moisés e o Monoteísmo”, a atender a alguns pacientes e a corresponder-se com seus colegas.
Visitando o Museu, pode-se ver que no térreo da casa ficam o estúdio, a biblioteca, a sala de jantar de Freud e a lojinha do museu. Subindo para o primeiro andar, chega-se a uma sala de vídeo, à sala de Anna Freud e a uma sala onde acontecem exposições temporárias. As exposições variam entre arte contemporânea e exibições com o tema Freud. Alguns aposentos, como a cozinha e o consultório de Anna Freud estão fechados para o público, pois viraram escritórios.
Freud viveu nesta casa seus últimos dias de vida. E, após sua morte, Anna Freud continuou morando na casa até 1982, quando morreu. O desejo da filha de Freud era que a casa virasse um museu depois que morresse. O museu foi aberto ao público em julho de 1986.
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Fontes:
Gay, Peter (1988) Freud: uma vida para nosso tempo. Trad. Denise Bottman, São Paulo: Companhia das Letras.
Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Freud_Museum
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