Neste sábado, dia 24, será realizado o último Cinema e Psicanálise de Ribeirão Preto do ano de 2018. Desta vez, o filme a ser apresentado é “Um Mergulho no Passado” e os comentários são de Denise Lopes R. Antonio, membro efetivo da SBPRP.
“Um Mergulho no Passado” (A Bigger Splash – Dir.: Luca Guadagnino, 2015)
“A Bigger Splash” (Um Mergulho no Passado), lançado em 2015, foi Inspirado em “La Piscine” (A Piscina) – filme francês, de 1969, dirigido por Jacques Deray. No filme de Deray, os atores Alain Delon e Romy Schneider fazem um par mais que perfeito em beleza e sensualidade.
Nesse filme de Guadagnino, os atores foram escolhidos mais pela força que transmitem em suas atuações do que pela sua beleza física. São eles: os britânicos Tilda Swinton e Ralph Fiennes, a norte americana Dakota Johnson, e o belga Matthias Schoenaerts.
O filme lembra uma peça de teatro que, aos poucos, faz aflorar inquietações, ciúmes e competições no comportamento das personagens. Tudo se passa numa casa que abriga uma piscina, localizada numa província italiana (Pentelleria), cercada de belas paisagens. Ali os fatos ocorrem, os sentimentos são expostos, e verdades, algumas vezes, são ditas. Porém, o silêncio (o não-falado) é o maior vilão das relações: é o que os leva à crueldade e à destruição.
A protagonista, Marianne Lane (Tilda Swinton), é uma famosa cantora de rock que “perdeu” a voz, e que está “obrigada” a viver em silêncio para recuperar-se. Assim, irá esconder-se nesse local paradisíaco. O silêncio de Marianne simboliza o segredo, o não-falado, o que não pode ser pensado e elaborado. Desse modo, vive aparentemente tranquila com seu namorado, Paul (Matthias Schoenaerts). Este convívio, nesse cenário idílico, é invadido por Harry (Ralph Fiennes), amigo antigo de Paul e ex-amante de Marianne, que resolve, sem aviso prévio, passar uns dias de descanso na casa deles, acompanhado de sua jovem filha recém descoberta, Penélope (Dakota Johnson).
Marianne, apesar de perceber o contragosto não expresso verbalmente nas expressões de Paul, demonstra o desejo de convidar Harry para permanecer como hóspede em sua casa. Harry, em sua constante agitação, em sua “cacasentenze” (“alguém que finge ser inteligente, mas que não se cala, que ‘defeca frases’) instiga a todos a experimentarem uma turbulência em suas emoções.
O filme, então, narra os acontecimentos imprevisíveis daqueles dias, quando o não-falado e as provocações aparecem por intermédio de olhares, músicas, e em pequenos diálogos, trazendo de volta lembranças do passado do trio, que estão submersas no silêncio. Os olhares e pequenos gestos parecem esconder toda uma história de relações amistosas e conflituosas que abrigam intenções não reveladas. Todos precisarão lidar, dentro de um espaço pequeno, com o passado e o presente, e com verdades indesejáveis. A tragédia vai se anunciando aos poucos.
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