No dia 10 de setembro será realizado o próximo Terças na Sociedade. Desta vez, Carla Cristina Pierre Bellodi irá comentar o tema “O negativo me domina, tia”: o brincar na obra de Winnicott.

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– “O negativo me domina tia!”

Com os olhos marejados e as mãos juntas em suplício, Cirilo, um garoto de 9 anos revela através desta “cena”, em nosso primeiro encontro, sua condição de desamparo psíquico. Ele sofre por ser invadido por emoções tão apavorantes que interrompem seu brincar e reage com a lógica da desesperança.

Em seu livro “O Brincar e a Realidade”, Winnicott afirma que é no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou o adulto fruem sua liberdade de criação.

A partir desta ideia, o psicanalista inglês examina o desenvolvimento do conceito de fenômenos transicionais e da terceira área como possibilidades de expansão do processo criativo onde o trabalho de análise acontece.

Onde o brincar não é possível, o trabalho de análise é dirigido no sentido de trazer o paciente de um estado em que ele não é capaz de brincar para um estado em que o é.

Conhecer um pouco mais dos conceitos desenvolvidos por esta mente brilhante nos ajuda a usufruir da nossa liberdade e criatividade no trabalho clínico e também compreender o pensamento de muitos outros autores estudados pela Psicanálise Contemporânea.

Ogden considera Winnicott o principal arquiteto da moderna concepção de psicanálise, em que o foco do processo analítico foi ampliado para a preocupação central na expansão da capacidade do analista e do analisando de criarem “UM LUGAR PARA VIVER” em uma área de vivência localizada entre realidade e fantasia.

Roussillion parte da ordem proposta por Winnicott de “ensinar a brincar” aos que não são (mais) capazes; e afirma que ao ensiná-los, o jogo transforma a vida, sustentando a vida psíquica, a incrementando, mantendo a parcela de ilusão a ela necessária e permitindo transformar as situações dolorosas em situações “boas de simbolizar”.

É em busca deste “lugar para viver” que convido a todos a participarem do nosso próximo Terças, para encontrarmos o jogo potencial e “brincar” com as ideias de Winnicott juntamente com situações clínicas. Conto com a presença de vocês na construção deste brincar.

Carla Pierre Bellodi, Psicanalista membro associado da SBPRP