Tchau, irmão

Daniel Rodrigues de Freitas

Vimos, por meio desta, avisar que perdemos um pedaço. Um integrante central, muito “de dentro”, nuclear eu diria. Nosso querido amigo Fernando Camargo Aranha. Seria ele, a pessoa perfeita para escrever essas palavras. Queremos ser formais, como a ocasião requer, mas também demonstrar todo nosso afeto e consternação como nosso coração palpita. Não é bem o nosso, apesar de também o ser, mas principalmente o dele. Ele teria o trânsito necessário para percorrer, com formalidade, transmitindo todo afeto. O Fernando trazia o rigor científico, epistemológico (ele adorava essa palavra) e filosófico, com suas palavras muito bem colocadas, mas principalmente, embebidas num suculento molho afetivo. Olhar atento, sempre prestativo, transmitindo vivacidade, felicidade e efervescência por onde passava. O Fernando afetava a gente, ninguém, e nenhum ambiente ficava indiferente com o Fernando presente. Quatro pulmões e dois corações, eu brincava que ele tinha. Imaginem o buraco que fica quando alguém assim se vai. Demoramos para escrever essas palavras pois estávamos dentro desse buraco. De dentro dele, observávamos a vida normal “lá fora”. Esquecendo que ainda estávamos convidados a participar dela, que com o Fernando, com certeza era uma festa, que ele sempre era o último a sair. Dessa vez, ele saiu mais cedo. Deixando todos sem saber como dançar. Vai com Deus amigo querido, sempre haverá um pedaço seu aqui dentro. Comecei dizendo que perdemos um pedaço, agora mesmo disse que fica um pedaço. Pedaços que ficam e pedaços que vão, nessa louca aleatoriedade, até breve irmão.

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