texto por Daniel Rodrigues de Freitas, membro filiado da SBPRP

O problema é que eu não sei o que é experiência estética, nunca li os tratados de filosofia que tratam a esse respeito. Acredito que já vivi algumas experiências assim. A primeira que me recordo agora, talvez tenha sido no velório de minha avó. Eu era muito pequeno. Ela logo ali, no caixão, minha vozinha querida, parada dentro de um caixão, coberta por um véu translúcido, e eu brincando com o interruptor do ventilador. Ligava e desligava, ligava e desligava, o véu se agitava e parava. Tinha um botão de intensidade, também, que eu aumentava no máximo e diminuía. Dizia ventila-DOR, ventila DOORR, ventila DOOORRRR. Aí vinha algum adulto me dar bronca, e dizer para ter respeito… não sei se isso entra como experiência estética. Tem que haver com algo bonito não? Bonito para mim é a roda, é o giro, gosto muito de bicicleta. Quando eu admito/assumo/reconheço algo que sou, mesmo que terrível, naquele exato momento eu já não sou mais. Só reconhece algo, quem esteve lá, e que também já não esteve lá, em algum momento. Só se sente perdido quem já se sentiu “no rumo”. Só se sente vazio, quem já esteve cheio. Antes de se dizer vazio, tem-se que “viver”/“ser”/“experimentar” o vazio. Daí a repetição de reconhecer, ser, deixar de ser, reconhecer novamente… acho bela essa dança viva. Mas não sei se tudo isso vale, se é psicanálise. Só sei que não perco o evento “Psicanálise e Experiência Estética” do próximo dia 26.

E você?

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As inscrições vão até dia 21, próxima segunda-feira: https://sbprp.org.br/eventos/events/encontro-internacional