A seção Dicas Culturais convida você para visitar a exposição do artista Tunga: “Conjunções Magnéticas”, através das palavras da psicanalista Luciana Marchetti Torrano, membro associado da SBPRP, que esteve em São Paulo desfrutando desta exposição e compartilha generosamente conosco suas impressões vividas.

TUNGA. Sem título, 2011, da série Marionettes. Imagem registrada por Luciana Marchetti Torrano na exposição “Tunga: Conjunções Magnéticas” (2022).

Ao passear pela Av. Paulista, centro financeiro e cultural da minha querida cidade natal, São Paulo, costumo prestigiar as exposições do SESC, MASP e Itaú Cultural. Foi justamente no último endereço que me encontrei com o meu querido e saudoso TUNGA, alma pulsante e presente em suas obras ali expostas; Tunga era amante da psicanálise como eu, tivemos uma deliciosa conversa num ensolarado sábado de manhã.

Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, mais conhecido como Tunga, era filho do escritor e ensaísta cearense Gerardo de Mello Mourão. Em sua vida engajada no processo artístico, dialogou com grandes nomes das artes como Lygia Clark, Cildo Meireles e Waltercio Caldas, José Resende dentre outros. O artista contemporâneo brasileiro que tem um pavilhão dedicado a ele em Inhotim (MG), ficou conhecido por suas tranças e tripés, escolhas pontuais que nos remetem à sua compreensão psicanalítica. Tunga conheceu a psicanálise, interessou-se verdadeiramente e aprofundou-se em estudos autodidáticos, entregou-se à experiência como paciente além da convivência com diversos psicanalistas no Brasil e na França. Sua vida em Paris desde a década de 70, foi marcada por influências psicanalíticas dos seminários de Jaques Lacan.

Tunga nos abraça e nos apresenta suas tranças, mistura diversos materiais como cobre, carvão e resinas que parecem ossos humanos, os movimentos e as texturas em suas obras e instalações hipnotizam e produzem no visitante um terceiro, um produto do diálogo com suas criações.  As tríades pai, mãe e filho, ou a bengala do Édipo encontram espaço meio aos inúmeros signos espalhados pelos pavimentos do centro cultural.

Percorrendo os três andares do Itaú cultural dedicados a bela retrospectiva de sua carreira, com mais de 300 itens fui convidada a uma conversa íntima com seu trabalho visceral e autoral. A presença de Tunga no espaço surpreende o espectador que se entrega. Ora um cochicho, ora um grito e ora um profundo silêncio vamos ouvindo a confissão de Tunga, ele nos confia seu processo criativo entregando-nos elementos que surgem em seu inconsciente, em forma de arte.  Ele trans-forma esculturas performáticas, desenhos conceituais que representam corpos entrelaçados numa fusão ora platoniana, ora freudiana, representando diante de meus olhos, de forma plástica e bela a cena primária. Dos vidros com fluídos corporais a esculturas coloridas orgânicas e divertidas Tunga, que desapareceu em 2016 ressurge vivo em seu universo imaginativo e atual sob a curadoria de Paulo Venâncio Filho.

A exposição ficará até domingo 10 de abril.

Luciana Marchetti Torrano
Psicanalista, Membro Associado da SBPRP

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Tunga: Conjunções Magnéticas
https://www.itaucultural.org.br/

Itaú Cultural – Av. Paulista, 149. Paraíso – São Paulo

Instituto Tomie Ohtake – Av. Brigadeiro Faria Lima 201 Pinheiros

Entrada gratuita – necessário o comprovante de vacinação para COVID