No dia 24 de junho, o Cinema e Psicanálise de Ribeirão Preto irá apresentar o filme “Laranja Mecânica” (1971), do renomado diretor Stanley Kubrick, com comentários de Maria Auxiliadora Campos, membro efetivo da SBPRP.
Laranja mecânica é um livro escrito por Anthony Burgess, publicado em 1962. Considerado um clássico da ficção inglesa, é uma história que marcou a cultura pop e a literatura distópica, fascinando e desconcertando os leitores.
Stanley Kubrick, com sua genialidade, descobriu mais uma de suas obras-primas em ”Laranja Mecânica”, que chegava aos cinemas em 1971, narrando as desventuras do enigmático Alex (Malcolm McDowell) e seus amigos.
Em 2011, o filme ganhou uma restauração digital 4K em comemoração aos seus 40 anos e teve sua primeira exibição pública no Festival de Cannes naquele ano.
Segundo Kubrick: “a ideia central do filme tem a ver com a questão de livre-arbítrio. Nós perdemos nossa humanidade se somos privados da escolha entre bem e mal? Nós nos tornamos, como o título sugere, uma Laranja Mecânica? Recentes experiências em condicionamento e controle da mente em prisioneiros voluntários na América têm levado essa questão além da esfera da ficção científica.”
Esses questionamentos do diretor nos remetem a pensar que o filme trata de questões políticas e governamentais, muito presentes em nossa realidade. “O governo eventualmente recorre ao trabalho dos mais cruéis e violentos membros da sociedade para controlar todas as outras pessoas – não é uma ideia completamente nova ou não ensaiada”, diz Kubrick em entrevista. As reflexões sugeridas propõem debates referidos à relação entre o estado e o indivíduo, seus limites, o conceito de liberdade e violência tanto no âmbito social, físico e também psicológico.
Kubrick não se considera um anarquista, e não se vê também como um pessimista. O que ele acredita muito fortemente é na democracia parlamentar, e diz ter convicção de que poder e autoridade do Estado devem ser refinados e exercitados apenas na extensão que é requerida para manter as coisas civilizadas. Fala ainda que a História tem nos mostrado o que acontece quando tentamos tornar a sociedade excessivamente organizada, ou quando intenciona-se realizar um bom trabalho ao eliminar elementos indesejáveis. Isso também mostra a trágica falácia na crença de que a destruição das instituições democráticas irá provocar o surgimento de algo melhor no lugar.
Ainda nas palavras de Kubrick: “Certamente um dos mais desafiadores e complicados problemas sociais que enfrentamos hoje é: pode o Estado manter o necessário grau de controle da sociedade sem se tornar repressivo, ou como ele pode alcançar isso em face da crescente impaciência do eleitorado, que está começando a considerar as soluções políticas e legais como bastante lentas? O Estado vê o espectro crescendo acima do terrorismo e anarquia, e isso aumenta o risco de uma reação exagerada e de uma redução de nossa liberdade. Assim como tudo na vida, é uma questão de procura pelo equilíbrio apropriado e um certo quesito de sorte.”
por Comissão do C&P Ribeirão Preto
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