No próximo dia 04 será realizado o Terças na Sociedade. Desta vez, os comentários serão de Pedro Paulo Ortolan, membro efetivo da SBPRP, sobre o tema “Perversões”.

*Obs: inscrições apenas pelo site: http://www.sbprp.org.br/site/

Pedro Paulo falou um pouco sobre o tema e os pontos que irá destacar em sua apresentação:

PERVERSÕES

Pedro Paulo Ortolan

No mundo contemporâneo, refletir sobre o tema das perversões é não apenas pertinente como até mesmo necessário. Trata-se de um contexto social em que o ser humano vive um esgarçamento dos limites e as fronteiras entre o eu e o outro estão borradas.

Estamos navegando numa sociedade em que o individualismo impera, o “narci-ismo“ predomina muito sobre o “social-ismo” (Bion, “Cogitations”), onde a tolerância à frustração encolhe e a busca por prazeres imediatos aumenta: ou seja, temos aí um excelente caldo de cultura para a instalação das Perversões.

O assunto tem sido alvo, há tempos, da literatura, pintura, teatro, cinema… mas demorou para que se tornasse um campo legítimo para a pesquisa científica. Neste sentido, Freud deu sua valiosa contribuição em 1905, quando publicou o artigo “Três Ensaios sobre uma Teoria Social”, onde propõe sua primeira teoria sobre as Perversões.

Penso que também é oportuno continuar abordando o tema e ampliar sua compreensão porque, apesar dos esforços nos campos da psicanálise, da psiquiatria, da sociologia, das artes, entre outros, as Perversões ainda são fonte de muitos pré-conceitos morais e éticos, e raramente o termo é usado sem um juízo pejorativo. E por isso provoca, muitas vezes, reações negativas até mesmo por parte dos profissionais da área da saúde.

Afinal, como o próprio Freud afirmou, e muitos autores posteriormente corroboraram, existe uma essência perversa latente em todos nós! Como lidar com esses aspectos internos, dissociados na mente?