Neste último sábado, dia 12 de agosto, houve mais uma exibição do Cinema e Psicanálise de Franca. Os comentários foram de Josiane Barbosa Oliveira, membro associado da SBPRP, sobre o filme “Animais Noturnos”.
Segue o comentário de Josiane sobre o filme:
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Ocasião para a difusão de cultura, reflexão, entretenimento e encontro de pessoas, o filme da vez chega com a aura Cult e excitante. Trata-se de “Animais Noturnos”, filme de 2016, dirigido pelo cineasta e estilista Tom Ford baseado no clássico americano “Tony e Susan”, de Austin Wright. Atribuir créditos ao diretor e ao escritor não é mera tarefa descritiva. É também um cartão diferenciado da obra: temos aqui o olhar depurado por uma estética visual sofisticada e arguta, trabalhando sobre um dos maiores textos da literatura americana. Um resultado a se apreciar.
A proposta do filme parece simples: Um escritor pede à sua ex-mulher, uma crítica de arte, que avalie seu novo trabalho, um romance chamado “Animais Noturnos”. Vamos acompanhar a leitura de Susan a partir de seus olhos, intercalando a evolução do romance, seus relances de associações e memórias com seu casamento atual e seu antigo casamento.
Nada porém é simples quando emergem questionamentos. Com o que entramos em contato quando lemos um livro? Com um texto bem escrito? Com palavras novas? Com descrições exatas de sentimentos universais? Com peculiaridades de algum autor? Com defesas a diversas causas? Com o que entramos um contato, dentro de nós, quando lemos um livro? Com nossos sentimentos e pensamentos? Com desejos? Com afetos antigos?
Na ânsia de retratar um possível e forte encontro entre um autor e um leitor temos um filme criativo, com imagens impactantes e tomadas delicadas. A atuação da dupla de atores Amy Adams (Susan) e Jake Gyllenhaal (Edward) pontua com segurança a busca dos protagonistas por verdades indigestas. Personagens “reais” e personagens “sonhados” entrelaçam-se, provocando espelhos insuspeitos apreensões e retaliações.
Susan vê-se confrontada com seus próprios ideais de vida quando percebe que o volume que tem nas mãos a arrebata e apaixona. Pergunta-se desde quando seu ex-marido aprendeu tão bem a descrever as emoções mais profundas. Cheio de aberturas para a observação do humano, “Animais Noturnos” expande na marcação do exagero, do “lixo ao luxo” que cicatriza a sociedade contemporânea.
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