No último sábado, dia 16, o C&P de Franca apresentou o filme “Malena”. Fátima Cassis, membro associado da SBPRP e coordenadora da Comissão do C&P de Franca, escreveu um comentário sobre o filme:

À esquerda Fernanda Passalacqua, palestrante, e à direita Fátima Cassis, coordenadora do C&P de Franca

por Fátima Cassis – membro associado da SBPRP

Encantamento e compaixão podem ser alguns dos sentimentos que o espectador pode experimentar nesta linda película, guiada pela lente cinematográfica de Giuseppe Tornatore, chamada “Malena”.

Filme lançado em 2001, conta com música composta e orquestrada pelo premiado Ênio Morricone, emprestando à estória delicadeza e suavidade.

Com que sensibilidade e magia este grande diretor Giuseppe Tornatore nos enreda no mundo do adolescente Renato (Giuseppe Sulfaro), que não por acaso, tem o sobrenome “Amoroso”. Ao entrar no mundo masculino, este garoto de 13 anos irrompe em seus primeiros desejos e fantasias sexuais, que tem como objeto a bela Malena, estrelada por Mônica Belluci. É belo vermos o nascimento de sua  primeira paixão!

Evoca em mim um poema de Mia Couto, “Impossível despedida”, para dizer sobre o incandescente de seu  apaixonamento: “…de tanto escuro não posso despertar/De tanta luz não sei respirar/…/ Enquanto te vejo afastar na rua, um antecipar de saudade me demite de ser gente/Neste mundo de amores tão escassos, o que posso fazer senão amar, amar o pouco, amar o que ainda é sonho, amar até mesmo o medo de não mais amar?…”.

Misteriosa, no seu ir e vir pelas ruas do pequeno vilarejo no sul da Itália, Malena com seu belo e sedutor andar provoca caos e consequente terror na população desejosa de a ter ou ser igual a ela.

Capaz de perceber toda a solidão e tristeza de Malena, o olhar amoroso de Renato a acompanha, sem no entanto, usar das palavras. Quanto engenho emocional há nesta vivência de Renato, que também se torna amigo de Malena, no escuro da ignorância desta. Ele é solitário no modo de pensar toda sua dor, em contraste com toda população de Castelcuto, que deposita em Malena todo o perigo na destruição de seus lares, seu ódio e violência.

Há uma cena na qual Malena, caída no chão, é brutalmente espancada pela população. Fez-me pensar em um texto de Freud de 1921 chamado “Psicologia de grupo e a análise do ego”.

Procurando compreender os fenômenos de coesão social à luz da psicanálise, pergunta: Se os indivíduos ganham em coesão e em segurança dentro de um grupo, por que então eles perdem sua liberdade de pensar e sua capacidade de julgamento? Porque os grupos são mais intolerantes, mais irracionais e imorais que os indivíduos que os compõem? Porque as inibições caem por terra de modo a desencadear ódios mortais? Tão contemporâneo!