por Luzdalma de Maio Barbosa
No dia 21 de outubro foi realizado o primeiro Encontro organizado pelo Grupo de Estudos Psicanalíticos de São Sebastião do Paraíso/MG. Este contou com 33 participantes, parceria da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto e sua forte característica foi a regionalização – visto a representação dos municípios de Ribeirão Preto, Passos, Itamogi, Itápolis e Franca.
As pessoas foram acolhidas com músicas entoadas ao vivo e a citação de um poema autoral de uma componente do coletivo paraisense. A metáfora sobre melodia foi a forma de José Cesário Francisco Júnior refletir sobre possibilidades de funcionamento de uma pessoa, assim como os diversos ritmos musicais – romântico, jazz, MPB.
O palestrante citado exemplificou sobre alguns caminhos para trilhar a aproximação com o outro, especialmente quando desempenhados diversos papeis – pai, esposa, filho… Assim, essas interações permitem o pertencimento a grupos, podendo vivenciar dependência, afeto, solidão e afinar a sua melodia individual.
Tais reflexões sobre a coletividade representaram a atual conjectura do Grupo, que tem por objetivo discutir e divulgar a Psicanálise, tecendo reflexões conjuntas. Desta forma, o desejo da continuidade de encontros do mesmo cunho foi despertado.
Observou-se através de pesquisa que a maioria dos participantes avaliou a palestra e sua organização de forma satisfatória e muito satisfatória, além de diversas sugestões.
José Cesário proporcionou aprendizado, reflexão e sensibilização através da construção conjunta e participação do público. O desfecho foi com a apresentação de uma poesia escrita no local por um membro da equipe organizadora.
Dançando…
Salsa
Rock
Jazz
Soul
Funk
Dance comigo uma valsa
Também pode ser uma salsa
Qual seu ritmo?
Saberemos dançar
Ajustar os passos
Seguir no compasso
Ouvir juntos
Criar nossa letra
Para no dia a dia
Compor a musica
No silêncio ou na fala
Transformar ruídos
Em Melodia!
(Maria de Fátima Roquetti Escalada)
—
por José Cesário Francisco Junior
Conversar sobre Psicanálise ≠ Psicanálise
Aristóteles diz que o homem é um animal político, e o grupo é essencial para realização da vida mental de um indivíduo. A entrada do mesmo quando procura o grupo é habitada por um sentimento de frustração em função da falta que lhe é inerente, e é uma surpresa desagradável para o indivíduo em busca desta gratificação. Esta decorre de uma incapacidade ingênua de compreender que é da natureza do grupo negar e gratificar os impulsos que os indivíduos desejam satisfazer anonimamente e não conseguem.
Outra qualidade deste pertencimento é o surgimento do sentimento de estar só e dependente. Assim, não existe “pai” sem “mãe”; não existe “pai e mãe” sem “filho”, como não existe “filho” sem “pai e mãe”. Não existe analista sem analisando; nem analisando sem analista.
Como alcançar os sentimentos despertados em um e outro por algo que não tem cheiro, não toco, não ouço e não vejo? Fatores como a melodia da voz, o som do silêncio, o linguajar verbal e o não verbal, são favoráveis para que alcancemos aproximarmo-nos um do outro.
Podendo ser o que nós somos, e não só ficarmos falando sobre o outro.
Intimidade
(Mario Benedetti)
“Sonhamos juntos.
Despertamos juntos.
O tempo faz ou desfaz.
Enquanto isso,
Quero que me relates
A pena que calas.
De minha parte te ofereço
Minha ultima confiança.
Estas sós.
Só estou.
Mas às vezes,
Pode a solidão ser uma chama.”
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