Porque se chamavam homens, também se chamavam sonhos,

E sonhos não envelhecem.” 

Clube da Esquina 2

por Ana Márcia Vasconcelos de Paula Rodrigues, membro associado da SBPRP*

Embalada por memórias afetivas ligadas à relevante vivência de ter sido membro de um grupo de trabalho que exerceu a função de Conselho Diretor da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto, no biênio 2016-2018, resolvi fazer um breve recorte desta trajetória na forma de reflexões sobre ressonâncias desta experiência de convivência e realização grupal.

Ao falar sobre a natureza humana, Winnicott afirmou que maturidade é algo desenvolvido gradualmente no ser humano, através de uma relação de responsabilidade com o seu meio ambiente. Penso ter sido nesta direção que indispensáveis elementos agregadores puderam ser convocados para a composição desta equipe, como parte de um movimento de caráter formativo e integrativo, a nível individual e coletivo, a serviço da continuidade do desenvolvimento institucional.

Como grupo de trabalho, foi necessário criarmos uma rede de relações configurada como um ‘tear de fios produtivos’, entrelaçados para consolidar a meta comum dos cuidados com a estrutura, funcionamento e expansão de nossa Sociedade.

Constituiu-se, assim, um grupo movido predominantemente por forças psíquicas da ordem da cooperação amistosa, da confiança mútua e do amor à Psicanálise, a nos unir e reunir de múltiplas formas: do planejamento da liderança para a composição do grupo, da organização das funções à produção de ideias, do aprendizado compartilhado de tarefas à autonomia para exercê-las, da arquitetura de projetos à criação ou mobilização dos meios para executá-los.

Assim, o vetor deste grupo moveu-se em sintonia com a busca de qualidade para a nossa instituição psicanalítica, demandando contínuo trabalho emocional de sustentação de forças afetivas, ideias, projetos e responsabilidades, ao empreendermos os cuidados necessários com a estrutura e funcionalidade de nossa Sociedade. Neste percurso, fomos aprofundando o respeito e a consideração pelo ‘mosaico de talentos’ do grupo, bem como pelas nossas limitações naturais, afinidades e diferenças, que constituem e definem a singularidade de cada membro do grupo.

Ao sentir que compartilhamos uma direção comum e ao enfrentarmos juntos uma série de novas e complexas situações, com árdua luta em atmosfera harmônica, lembrei-me de um vídeo enviado por uma amiga que mostra um espetáculo registrado no Alto Sertão da Paraíba, onde uma revoada de pássaros (arribaçãs ou avoantes, um tipo de pomba do sertão) faz movimentos sincronizados nos céus da Paraíba, como se entendessem o movimento umas das outras, compondo uma bela coreografia com incrível arte e simplicidade.

Portanto, meus caros amigos, palavras de reconhecimento e gratidão são insuficientes para traduzir o fruto maior dessa experiência: poder contar com o Outro, aprendendo a contar conosco na nossa melhor forma para voos em parcerias criativas, com ritmos, engenhos e compassos, realizando sonhos que verdadeiramente nos fortalecem, nos humanizam e revigoram!

* em nome do Conselho Diretor 2016-2018:

Presidente: Paulo de Moraes M. Ribeiro
Diretor Administrativo: Ana Márcia V. de Paula Rodrigues – Assessora Administrativa: Sônia Godoy
Diretor Financeiro: Mônica Bitar S. Araújo
Diretor Científico: Thaís Helena Thomé Marques
Diretor de Cultura e Comunidade: Suely de Fátima Severino Delboni – Assessora do C&C: Maria Leticia Wierman
Diretora Regional: Sandra Abadia Gomes de Andrade
Diretor do Instituto: Rachel Lomônaco Beltrame
Diretor Secretário do Instituto: Miguel Marques
Assessores da Diretoria: Martha Maria de M. Ribeiro, Mario Prudente Corrêa, Mércia M. Fagundes, Beatriz Troncon Busatto.