Após mais um ano de semeadura da Psicanálise, encerraremos no dia 13/11 o “Terças na Sociedade” de 2018.
Nesta noite receberemos nossa colega Ana Rita Nuti Pontes, que com seu olhar profundo e criativo nos falará sobre “Narcisismos”, trazendo uma revisão desse conceito desde Freud até os dias atuais, chegando a clínica do vazio e suas formas de expressão na sala de análise e na sociedade.
Estará conosco também Ligia Rosado, que é psicóloga e frequentadora do Terças, nos trazendo através de sua música outras formas de sermos tocados e entrarmos em contato com as questões do narcisismo. São as sementes dando frutos!
Esperamos vocês!
*Obs: inscreva-se pelo site da SBPRP:
https://www.sbprp.org.br/site/eventos_show.php?id=62
Freud, baseado no mito de narciso desenvolveu um dos conceitos mais importantes de sua teoria, o narcisismo. É uma fase própria do desenvolvimento humano, que se realiza da passagem do auto-erotismo, para o reconhecimento e a busca do amor em outros objetos diferentes de si mesmo. Passagem importante e cheia de inquietações já que implica a saída da gratificação por aquilo que é efeito apenas da própria imagem – “Narciso só reconhece o que é espelho” – para a realização de uma das conquistas mais importantes da cultura: a possibilidade de viver, aceitar e trabalhar com a alteridade e, portanto, com as diferenças.
Freud diz que um dos grandes obstáculos do homem em sua busca da felicidade, e que lhe traz maiores dificuldades, é o sofrimento resultante das relações humanas, pois elas nos colocam em confronto com aquilo que, não sendo espelho, nos solicita novos posicionamentos. A valorização da imagem e do sucesso a qualquer custo reduz a tolerância das mínimas divergências e acirra os conflitos, seja nas pequenas discordâncias do cotidiano ou nos grandes conflitos bélicos. Se o outro não me satisfaz, se não é espelho daquilo que almejo, se tenta opor se às minhas vontades e ameaça minha auto-estima, eu o aniquilo. O terreno é propício para preconceitos, fanatismos e violência, como que vivemos recentemente na época das eleições mais recentemente. A grande parte das queixas que vemos aparecer na clínica nas últimas décadas diz de um mal-estar difuso e um sentimento de vazio interior. Em outras palavras, as configurações subjetivas contemporâneas tendem a apresentar um sujeito que trás um sofrimento psíquico que parece estar menos relacionado aos conflitos neuróticos clássicos e mais ligado à sensação de não existência. O que tende a aparecer na clínica é algo da ordem do desamparo. Os pacientes não sofrem tanto de sintomas exuberantes na sua forma, mas, sim, de perturbações vagas, sentimentos de vazio e uma queixa freqüente que se reflete na incapacidade de sentir as coisas e as pessoas.
Na clínica atual falamos de pacientes cujas dinâmicas psíquicas apresentam um tipo de desconexão, e cuja característica é a de ser uma reação básica na relação com o outro, que aparece de duas formas: ou a falta de ligação ou um excesso de fusão. Green (2001) tem trabalhado na clínica a respeito das formas narcísicas de constituição do sujeito contemporâneo desde a década de 60. Tais formas são configuradas por este autor no que denomina de configurações narcísicas ou casos limites (também chamado de estados limites ou borderlines) e tem sido um autor interessado nas questões sociais às quais, procura dar ênfase, por acreditar que estejam cada vez mais no centro das preocupações da clínica na atualidade.

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