por Maria Luiza Crisóstomo Piantino, membro associado da SBPRP

A Sociedade Brasileira de Psicanálise de Minas Gerais irá sediar o XXVII Congresso Brasileiro de Psicanálise, nos dias 19 a 22 de junho. O tema é “O Estranho: in:Confidências” e muitas atividades estão sendo preparadas, inclusive uma atividade científica em Inhotim, o maior museu a céu aberto do mundo.

De acordo com os organizadores, no site oficial do evento, “o objetivo é planejar e preparar um encontro que seja rico em trocas e experiências científicas, e prazeroso no reencontro com amigos que a psicanálise construiu. E por que não apreciar as belezas que Minas Gerais nos oferece?”.

(Imagem: arquivo de Ana Márcia V. P. Rodrigues)

Pensando em saber mais do evento e também em conhecer um pouco da história da SBPMG, Maria Luiza Piantino, membro associado da SBPRP, entrevistou Marília Macedo Botinha, membro efetivo com função didática da SBPMG.

MARIA LUIZA: Como está sendo para SBPMG organizar o XXVII Congresso Brasileiro de Psicanálise?

MARÍLIA: Um momento de enorme desafio. Fazer parte deste evento e sediá-lo exige o comprometimento de todos da Sociedade. Temos realizado eventos em várias cidades polo das diversas regiões de Minas, assim como tentamos penetração nas instituições de ensino.

MARIA LUIZA: Fale um pouco das atividades do Congresso, o que os participantes encontrarão por aí? Parece que a proposta é mesclar atividades científicas com atividades culturais. Você poderia nos contar um pouco mais sobre esta proposta?

MARÍLIA: O Congresso Brasileiro de Psicanálise oferecerá diversos cursos, working parties e mais de 100 mesas de trabalhos. Atividades culturais surpreendentes estão programadas para tornar o espaço de trabalho mais criativo.

Além do Congresso em si, vir a Belo Horizonte significa provar boa comida e ter a possibilidade de conhecer belas cidades históricas e grutas situadas nos arredores.

Aproveitem a oportunidade do evento científico nas Gerais também para aprender mais sobre a cultura mineira e seus encantos!

MARIA LUIZA: Quais os maiores desafios para a realização do Congresso enfrentados até agora?

MARÍLIA: Os desafios são muitos, mas sobretudo buscarmos penetração num estado onde existem várias instituições não IPA, Lacanianas de grande expressão e que também oferecem eventos psicanalíticos de peso em data correlata. Outro grande desafio tem sido a busca de patrocínio visto que, nosso evento não se enquadra em nenhuma lei de incentivo fiscal. Mas tem sido um grande aprendizado e, além disso, além da divulgação do Congresso Brasileiro, tem sido uma oportunidade de divulgação da nossa Sociedade local- SBPMG.

MARIA LUIZA: Falando na SBPMG, vocês se formaram como Núcleo Psicanalítico de Belo Horizonte em 1993. Um longo caminho até hoje, não é mesmo?

MARÍLIA: Bem, de acordo com material histórico que temos disponível também no site da SBPMG, o movimento que gerou a Sociedade Brasileira de Psicanálise de Minas Gerais – SBPMG – nasceu da persistência do Dr. Sebastião Abrão Salim, médico psiquiatra, professor da Faculdade de Medicina da UFMG, interessado em psicanálise, e de seu desejo em ser psicanalista. Durante anos, Dr. Salim ministrou cursos de psicoterapia psicanalítica, introduziu a psicanálise no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFMG, com grupos de discussão de casos, e supervisões individuais e coletivas. Iniciou sua formação na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (sede Brasília), vindo a completá-la na Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro – SPRJ, e nunca deixou de acalentar o sonho de fundar em Belo Horizonte uma instituição filiada à IPA.

A oportunidade surgiu quando em 1988 convidou o Dr. Sérgio Kehdy, que havia terminado a sua formação psicanalítica na SPRJ, para se mudar para Belo Horizonte. O Dr. Sérgio chegou na condição de Membro Associado, e os dois começaram a trabalhar no sentido de criar um Núcleo Psicanalítico ligado à Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro. Durante cinco anos, tempo necessário para que conseguissem as promoções necessárias para se titularem como Analistas Didatas, organizaram cursos, promoveram eventos, além de manterem contatos frequentes com a SPRJ, com o objetivo de sensibilizarem seus membros sobre a importância de colocar Belo Horizonte no circuito da Psicanálise como a entendiam.

Nesse período contaram com a colaboração de dois colegas que muito ajudaram. Foram eles: Jannê de Oliveira Campos, que promoveu, por conta própria, vários eventos para os quais convidava analistas ligados à IPA, que vindo a Belo Horizonte, mostravam uma forma de trabalhar diferente, e divulgavam a ideia da criação de um Núcleo de Formação; e o Dr. Flávio José de Lima Neves, influente analista local, que abraçou a causa e divulgou, em seus concorridos cursos, a ideia de uma formação nos moldes da IPA, o que trouxe grande parte das pessoas que constituíram a primeira e a segunda turmas do Núcleo Psicanalítico de Belo Horizonte – NPBH.

MARIA LUIZA: Poderia falar um pouco sobre esse percurso e quais os psicanalistas que participaram desse momento? 

MARÍLIA: A ideia de um Núcleo em Belo Horizonte foi assumida por alguns analistas importantes da Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro – SPRJ. Dr. Victor Manoel Andrade, tomou a frente, e não poupou esforços para conseguir oficializar o Núcleo Psicanalítico de Belo Horizonte junto à SPRJ e à IPA.

Nesse período, mudou-se para Belo Horizonte, a Dra. Clemilda Barbosa de Souza, analista didata da SPRJ, e que por influência do Dr. Sérgio Kehdy, se juntou ao grupo, passando a se dedicar à criação do Núcleo Psicanalítico de Belo Horizonte.Naquela época com três didatas, tornava-se possível conseguir o patrocínio científico da SPRJ para que se iniciasse um polo de formação psicanalítica em Minas Gerais, segundo os padrões da International Psychoanalytical Association, tendo sido constituído o Núcleo Psicanalítico de Belo Horizonte – NPBH – em março de 1993. Sua primeira diretoria foi formada por Sebastião Abrão Salim (Presidente), Sérgio Kehdy (Secretário) e Clemilda Barbosa de Souza (Tesoureira). Enquanto Núcleo da SPRJ foram constituídas duas turmas de Formação.

Em julho de 2008, na reunião do BOARD da IPA, realizada em Porto Alegre, sob a direção de seu Presidente Dr. Cláudio Laks Eizirik, o Núcleo Psicanalítico de Belo Horizonte (NPBH) foi admitido como “Study Group” da IPA, passando ao novo status de Grupo de Estudos Psicanalíticos de Minas Gerais – GEPMG. O Sponsoring Committee designado pela IPA para acompanhar o GEPMG foi formado pelo Dr. Luiz Carlos Mabilde (Chair) e pela Dra. Diana Vazquez Guijo de Canovi e, posteriormente, pela Dra. Gleda Brandão Coelho Martins Araújo.

Após 7 anos de intensa atividade institucional e mais duas turmas de formação em andamento, em 2015, com o apoio do Sponsoring Committee, conquistamos o título de Provisional Society e passamos a chamar Sociedade Brasileira de Psicanálise de Minas Gerais – SBPMG, no 49º Congresso da IPA, realizado em Boston (EUA), com a presença de nosso então presidente, Dr. Sérgio Kehdy. Como Provisional Society, somos assessorados pelo Liaison Committee, composto pela Dra. Gleda Brandão Coelho Martins Araújo e Dra. Nilde Franch.

MARIA LUIZA: Como é composta atualmente a SBPMG e o Instituto?

MARÍLIA: Atualmente, a Sociedade Brasileira de Psicanálise de Minas Gerais – SBPMG é composta de 09 Membros Efetivos e 10 Membros Associados. Seu Instituto de Psicanálise conta com 07 Analistas Didatas, 13 Docentes, 03 Assistente de Ensino e três turmas de formação em andamento e uma nova turma (a quinta turma) terá início em agosto de 2019.

Com este quadro de membros e esta história, desejamos que a Sociedade Brasileira de Psicanálise de Minas Gerais continue prosperando e se consolide definitivamente no cenário da psicanálise mineira e brasileira como uma instituição forte e influente, em direção ao status de Sociedade Componente.