No último sábado, dia 17, o Cinema e Psicanálise de Franca apresentou o filme “O Nome da Rosa”, com comentários de Mércia Maranhão Fagundes e Dante Velloni. Leia abaixo o texto que Ana Márcia V. P. Rodrigues, integrante da Comissão do C&P, escreveu sobre o filme:
No sábado, o Cinema e Psicanálise de Franca abriu as portas para o segundo semestre de 2019, ano no qual vem inovando em suas sessões com a proposta de complementaridade do diálogo da psicanálise com outra área do conhecimento, exibindo o premiado filme de 1986, “O nome da Rosa”. Esta é uma fiel adaptação para o cinema de um clássico literário, o livro homônimo do escritor italiano Umberto Eco, publicado em 1980.
Vale lembrar que a escrita de Eco, um dos pensadores mais influentes de nosso tempo, tem o dom de nos envolver e ressoar em nossa mente de forma histórica bem como subjetiva, racional enquanto imaginativa.
Se Eco teve a habilidade narrativa de condensar em seu romance histórico “O nome da rosa”, séculos turbulentos da história da humanidade, nos transportando desde a Idade Média aos prenúncios do Renascimento, o diretor francês Jean-Jacques Annaud teve o mérito de transpor, com propriedade, para a linguagem cinematográfica, uma obra tão densa.
A cena se desenvolve numa longínqua abadia medieval dos alpes italianos, construída na forma de sombria fortaleza, com as paredes grossas da igreja, as assombrosas catacumbas contendo o ossário, a fenomenal biblioteca labiríntica e outros recintos, compondo uma cidadela circundada por muralhas. Neste local, uma ordem de monges era responsável pela transcrição de obras literárias e científicas originais da época, obras antigas escritas em pergaminhos, uma vez que ainda não havia meios de imprensa para a reprodução do conhecimento escrito.
Neste isolado mosteiro beneditino, que abrigava a sete chaves uma biblioteca secular, passaram a ocorrer mortes brutais de monges, num clima de mistério e barbárie ligados àquele ambiente claustrofóbico.
A corajosa dupla de monges, composta pelo brilhante frei franciscano Guilherme de Baskerville (Sean Connery), conhecido pela engenhosa e afiada inteligência e senso de humor, e seu jovem discípulo, o noviço Adson (Christian Slate), se lança em uma jornada de façanhas, mistério, investigação, superstição, dogmas e crenças demoníacas.
Estavam em busca do conhecimento humano que iluminasse e revelasse a origem do mal, mas acabam se deparando com obscuros dogmas religiosos que sufocavam o saber que gera a dúvida e a ambivalência, a relativização e a liberdade de sentir e pensar.
Enquanto os terríveis acontecimentos daquele monastério eram considerados obra de força demoníaca pelas atrocidades da Inquisição, nossos protagonistas e suas armas da razão, do humor, do amor e da experiência, geram as evidências naturais que se contrapõem ao sobrenatural.
Para comentar o filme, convidamos um casal que traz em si a essência da complementaridade, já tendo abrilhantado nosso Cinema e Psicanálise de Franca em outra sessão: a médica psicanalista da SBPRP e SBPSP, Mércia Maranhão Fagundes, e seu esposo Dante Velloni, artista plástico, mestre em arquitetura e urbanismo pela FAU/USP e professor de história da arte. Tivemos a casa cheia e uma tarde de muita reflexão!
Ana Márcia Vasconcelos de Paula Rodrigues, membro associado da SBPRP
Deixe um comentário