Alguns colegas da SBPRP participaram do Congresso Bion 2020, em Barcelona – Espanha, realizado em 31 de janeiro, 01 e 02 de fevereiro, inclusive com apresentação de trabalhos. A Presidente da SBPRP, Silvana Vassimon, e a Diretora Administrativa, Silvana Andrade, também estiveram presente.
Veja abaixo um pouco de como foi a experiência:
—
Silvana Vassimon, presidente da SBPRP:
INTUITION…….
Desde a abertura do evento, com as boas vindas de Antònia Grimalt, foi possível perceber o privilégio de participar de um encontro que reúne tantas mentes estudiosas deste instigante pensador. Psicanalistas de diferentes partes do mundo, reunidos em torno de um tema inquietante: Intuição!
As sessões plenárias foram de especial qualidade, contando com personalidades como Simona Morini, Ignacio Latorre, Jaume Aguilar, Robert Caper, Annie Reiner e Lia Pistiner de Cortiñas. Os colegas brasileiros Renato Trachtenberg e Arnaldo Chuster apresentaram o alto nível da psicanálise estudiosa de Bion no Brasil. Na sessão plenária “Caminante non hay camino…” dividiram a mesa com Alessandro Bruni, da Itália. A música, como marca de uma experiência sensível, embalou a abertura e o fechamento do encontro com a apresentação de artistas locais.
A SBPRP teve uma significativa representação, através da presença de vários colegas participantes e apresentadores de trabalhos em pequenos grupos de discussão que muito honraram nossa Sociedade: Mercia Fagundes, Miguel Marques e Thaís Tomé Marques ofereceram o curso “Introdução ao Estudo-leitura de A Memória do Futuro”, importante contribuição da SBPRP, que teve uma rica audiência. Beatriz Busatto apresentou o trabalho “Um colóquio sobre a intuição: três tempos de um compasso”, em co-autoria com Carmen Baldin, com sala cheia e participação entusiasmada dos presentes. Cristiane Reberte de Marque, por sua vez, teve uma participação viva e estimulante com a apresentação do trabalho “Intuição – a propulsora da função alfa”. A SBPRP teve sua produção científica muito bem representada.
O próximo Bion 2022 será realizado no México e a SBPRP conta com o convite especial de Jani Santamaria para participar mais uma vez deste encontro.
—
Beatriz Troncon Busatto, membro efetivo com funções didáticas da SBPRP:
Tive a honra de apresentar o seguinte trabalho (tema livre) em co-autoria com a Membro Filiado Carmen Baldin: Uma conversa em três compassos sobre intuição. Nossas ideias foram debatidas e bem recebidas pela audiência.
—
Cristiane Reberte de Marque, membro filiado da SBPRP, apresentou o trabalho “Intuição: a propulsora da função alfa”:
Já havia algum tempo que eu desejava me desafiar e expor minha experiência clínica e meu pensamento psicanalítico aos colegas em uma comunicação pessoal, e o e-mail dos organizadores informando sobre o envio de trabalhos pelos interessados para o Bion 2020, que seria realizado na Espanha, com o tema “Intuição”, foi recebido por mim quase como uma convocação de que tinha chegado o momento para arriscar minha primeira apresentação num congresso de psicanálise. Preparei o trabalho e enviei sentindo um misto de vulnerabilidade e criatividade, sem perder a convicção das possibilidades da comunicação humana, não importando o quanto estranhos ou estrangeiros sejamos. Aliás, o estrangeiro, talvez por minha descendência ser em parte espanhola, mais me animou do que ameaçou. Expor meu trabalho em outro país, em outra língua, para pessoas desconhecidas, foi uma experiência muito enriquecedora, um exercício de nutrir e cultivar algo como uma permeabilidade mútua, que aumentou ainda mais meu desejo de investigação psicanalítica. O evento foi recheado por cursos, conferências e comunicações interessantes, além da companhia muito boa de colegas da SBPRP. O encanto da cidade de Barcelona, onde se respira frescor e arte por todos os cantos, emoldurou e complementou esta bela experiência.
—
Andreas Zschoerper Linhares, membro efetivo da SBPRP:
Inicialmente alguns dados sensoriais: o encontro foi realizado em um bonito edifício ligado à universidade de Barcelona, distante um pouco do centro da cidade, mas de frente a um parque muito arborizado e habitado por muitos pássaros, quem chegava de metrô ao encontro atravessava este pequeno parque até chegar ao prédio do encontro, levando consigo impressões já agora não apenas sensoriais, deste contato com a natureza.
Bem, um encontro internacional reúne, como o nome indica, pessoas de vários lugares do mundo como palestrantes e como ouvintes. Espanhóis, italianos, portugueses, alemães, austríacos, suíços, americanos, brasileiros, argentinos foram colegas que mais encontrei.
Chamou a atenção poucos ingleses e franceses (rivalidades regionais?). Percebemos que a psicanálise tem a capacidade de nos aproximar, vamos encontrando uma linguagem comum, o que não significa encontrar um pensamento comum, unitário. Cada um traz a sua experiência de forma variada quanto à capacidade de exposição e aprofundamento e se disponibiliza a compartilhar com os colegas. A mim parece que cada vez mais, em psicanálise, a singularidade da experiência pessoal ganha destaque, e o que considero muito favorável, e uma atitude de respeito a esta singularidade. Um movimento maior em termos de valorizar o pensamento, que sempre é individual e poder detectar e abandonar a atitude de transformar o pensamento em crença que necessita ser comungada igualmente por todos. Acontecem exposições de trabalhos e propostas que estimulam também outros trabalhos e propostas. A mim parece surgir o que vou chamar de “ética da responsabilidade” – cada um é responsável pelo seu próprio pensamento e vai ter que se haver com ele, não adianta querer se ancorar ou se esconder no pensamento alheio, ou numa crença coletiva. Neste campo privilegiado pela singularidade pode surgir a intuição (tema destacado no encontro). Algo genuíno, novo, que brota do contato do ser, da pessoa, com a experiência. Deste modo pode-se terminar o encontro povoado com aberturas e questões, mais do que com respostas. O campo mental ganha mais riqueza, diversidade e densidade – vitalidade.
Deixe um comentário