No dia 10 de março será realizado o primeiro Terças na Sociedade do ano de 2020! Saiba mais:
> Clique aqui para se inscrever
A expansão do modelo freudiano: 100 anos de Além do Princípio do Prazer
por Lia Fátima Christovão Falsarella
Dos grandes textos freudianos, este talvez seja o mais inesgotável, a meu ver. Em 1920, após a primeira guerra mundial e, depois de uma leva de textos metapsicológicos, denotando uma época de grande produtividade de Freud, aparece Além do Princípio do Prazer, como se fosse para mostrar, desconcertando muitos, que a psicanálise estava ali colocada interminável, sempre nascente, que o ciclo não se fechava simplesmente. Dentro da própria teoria freudiana, vinha Além do Princípio do Prazer provocando rupturas e expansões de tal envergadura que o próprio Freud não teria tempo de consumá-las.
Não se tratava simplesmente da introdução do instinto de morte, conflitante e promissor, rejeitado por muitos ou, de algo comparável a uma esquina que dobrássemos perdendo de vista todo o resto. A mudança afetará o olhar do analista, não apenas o que é olhado, na medida que temos agora verso e anverso, vida e morte, representado e não representado, numa dialética interminável que fará toda a diferença para futuros alcances da psicanálise. Seguem-se seminais trabalhos do próprio Freud nas décadas de 1920 e 1930. Logo Melanie Klein colocando ênfase nos aspectos destrutivos na personalidade. Enfim, até a atualidade, quando tratamos da multidimensionalidade da mente, uma longa e ramifica estrada tem sido percorrida.
Acho útil, para nosso propósito, que nos debrucemos sobre esse tema, como quem admira um pôr do sol, não com a nostalgia do sol que desaparece ou, com o temor da noite que chega, mas, o pôr do sol como tal, com suas infinitas nuances, formas, tons e inesgotáveis sentidos: o espaço fértil da fronteira, como contemplará nossa V Bienal, ou, a cesura, como talvez dissesse Bion.
Deixe um comentário