No dia 15 de Setembro, às 20h, acontecerá o próximo Terças na Sociedade, em formato on-line. A palestrante Luciana Mian, membro associado da SBPRP, trará o tema “Realidade: o virtual no setting analítico”.

> Clique aqui para se inscrever!

 

por Luciana Mian

“Não se pratica psicanálise no vácuo cultural e histórico e muito menos contra as forças da história. A psicanálise não é uma seita e, menos ainda, uma seita conservadora e reformista. É preciso apoiar-se nos fenômenos e processos da vida – da vida cotidiana – para operar com alguma eficácia. Nessa medida, o saber sociológico não deveria estar apenas corroborando o que a clínica sugere (…) mas deveria também nos ajudar a descortinar outros horizontes” (FIGUEIREDO, L. C., 2007, p. 85).

“Eu não quero não te encontrar pessoalmente, prefiro esperar que você volte a atender no consultório. E não, não quero nem experimentar a chamada por vídeo nem por telefone”

“Estou gostando mais deste novo jeito… consigo te contar coisas que tenho certeza que não iria conseguir se tivesse aí na sua sala. Será que podemos continuar assim depois que tudo passar?”

“Ah, não quero fazer como se estivesse no divã não. Quero ficar te olhando. Estou com a impressão que você vai ficar fazendo outra coisa enquanto eu falo”

“Não aguento mais estas interrupções da internet. É muito chato!”

Penso que estas e tantas outras falas de nossos pacientes se fizeram comuns em nossos atendimentos online. Vínhamos começando a pensar a viabilidade desta nova modalidade de atendimento, ainda tão desconhecida da grande maioria de nós, quando a pandemia nos arremessou para esta nova realidade, a única possível diante de tantas incertezas e ameaças à nossa integridade física.

Ainda estamos tentando avaliar o que tem acontecido em nossos atendimentos, a partir dos parâmetros que tínhamos para nossos atendimentos presenciais. Penso estes parâmetros a partir de três grandes eixos: o estabelecimento do setting, o trabalho da mente do analista e o papel do paciente neste processo.

Mas será que estes parâmetros nos são suficientes?

Convido vocês a pensarem comigo nestas tantas perguntas e quem sabe juntos, podermos ampliar um pouco mais o panorama que nos encontramos no momento.