A SBPRP, em parceria com o GEP – Rio Preto, realizou no dia 29 de agosto o evento “A função paterna e os desafios do setting virtual”, convidando o psicanalista português Rui Aragão para apresentar seu pensamento a respeito do tema proposto. O evento encerrou a gestão da Diretoria Científica do biênio 2018-2020. Uma despedida programada para acontecer presencialmente, mas diante das adversidades trazidas pela pandemia, teve seu formato reformulado para on-line para que pudesse ser realizada e mantido o desejo de discutir o tema proposto ao psicanalista convidado.

Escrito pelos colegas Adriana Salvitti e Pedro Paulo de Azevedo Ortolan e revisado por Adriana e Alexandre Martins de Mello.
“A Função Paterna e os Desafios do Setting Virtual”
Sob o abrangente e abrupto impacto trazido pela pandemia de Covid-19 e suas consequências para a psicanálise, a SBPRP, o GEP – Rio Preto e Rui Aragão, psicanalista português, realizaram uma jornada interna virtual intitulada “A função paterna e os desafios do setting virtual”, realizada no dia 29 de agosto. Os textos de Aragão trazem contribuições bastante pertinentes e valiosas para pensarmos as questões que hoje nos inquietam no trabalho clínico e despertam perplexidade, incertezas e angústias da ordem do traumático frente a esse desconhecido. Além das ferramentas habituais, essa situação requer de nós psicanalistas prontidão nas adaptações possíveis, aprendizado de novas tecnologias para continuar os atendimentos, modificações no setting, entre outras. Os desvios no setting externo, ainda que mínimos e frequentes, costumam demandar uma atenção e esforço constante do analista para averiguar internamente se de fato está sintonizado com a função psicanalítica. Durante a pandemia a adaptação a uma realidade social adversa e a rápida migração para os atendimentos por via remota, tornam necessário a recuperação da identidade e da função analítica, “que facilita o contato com a comunicação inconsciente e a sexualidade infantil dos pacientes” Aragão (2020).
Entre os conceitos discutidos por Aragão (2019b), destacamos a função paterna e seu lugar no mundo interno como um importante elemento da função analítica, regulando a interação da dupla e a própria imersão do analista na atenção flutuante, e possibilitando o trânsito entre a sua interioridade e o contato com o paciente. Considerando as adversidades atuais no desenvolvimento do trabalho clínico, mas também o potencial de escuta do analista, podemos recolocar um dos questionamentos feitos por Aragão (2019a) em uma ocasião anterior: “O que ocorre comigo quando arrisco ser analista? ”. E também perguntamos: quais seriam os obstáculos ao desempenho dessa função durante os atendimentos remotos? Qual seria o papel da função paterna frente a esse novo contexto? Sob que circunstâncias, haveria dificuldades no cumprimento de nossa função psicanalítica, mesmo estando asseguradas as qualidades do setting externo?
Com o objetivo de aprofundarmos essas e outras questões trazidas por nosso convidado, realizamos discussões em pequenos grupos após a conferência inicial. Pensamos que é fundamental a reflexão e troca de experiências num momento em que significativas adaptações estão sendo necessárias, e como isto se reflete no nosso ofício e na manutenção da função psicanalítica.
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