
No dia 22 de setembro, exatamente em 1960, morria Melanie Klein, em Londres onde morava. Nascida em uma Viena fervilhante de novas ideias, aos 28 anos toma contato com as obras de Sigmund Freud, de quem gostaria de ser vista como discípula e continuadora. Ao mudar-se para Budapeste aos trinta e dois anos, inicia sua análise com Sändor Ferenczi que a estimulou a trabalhar com crianças.
Ao falar dela atualmente, poderíamos dizer, que exercitou suas múltiplas dimensões mentais, tornando-se uma mulher que, casada, foi mãe e avó, enquanto também estudiosa e apaixonada pela psicanálise. Sua observação peculiar tanto de seus próprios filhos quanto de crianças próximas, a leva à ampliação dos limites da vida psíquica à infância. Seu atrevimento, conforme ela mesma nomeia, a torna genial e atemporal, dadas as suas descobertas sobre o funcionamento psíquico mais profundo e primitivo.
Seu olhar tão particular e sensível sobre a relação do bebê com o seio materno, a partir do nascimento, amplia as estruturas da teoria psicanalítica de então, formulando um início bem mais precoce do que Freud nomeou no Complexo de Édipo. Ela observa que além de alimentá-lo, a mãe, ou alguém exercendo essa função materna, pode auxiliar o bebê na integração de suas funções mentais. Essa relação emocional, iniciando-se a partir do nascimento, desperta no bebê sentimentos os mais variados, derivados tanto do amor quanto do ódio e angústia mobilizadora de ataques e defesas. Assim nasceu seu trabalho de ludoterapia com crianças, onde desvela fantasias existentes desde cedo nelas, dando início à Psicanálise infantil.
Experiência de vida e psicanálise sempre integradas nela, Klein afirma em sua autobiografia: “Tenho agora um misto de resignação e alguma esperança de que meu trabalho talvez afinal sobreviva e seja de alguma ajuda para a humanidade. Há, é claro, meus netos, que contribuem para esse sentimento de que o trabalho continuará, e, quando falo de ter sido completamente dedicada a esse trabalho, isso não exclui que eu também seja completamente dedicada aos meus netos.”
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