Quando de sua morte, em Londres, em 8 de novembro de 1979, há 43 anos, Bion estava prestes a realizar um projeto de voltar a Índia, dali a dois meses. Aquela Índia, da qual se relembrava, com sua intensa luminosidade e intensa escuridão, sem penumbras. Dias ensolarados e silenciosos, noites escuras e barulhentas…
Nascido em Muttra, Punjab, na Índia Imperial Vitoriana, em 1897, de pais britânicos, viveu sua infância sob os cuidados deles, protestantes e severos. Em sua autobiografia, fica em dúvida sobre seus sentimentos amorosos serem maiores por sua ama (“uma mulher sábia0 ou por esses pais.
Deixado aos 8 anos em internato, na Inglaterra, para estudar, ali permaneceu até os 18 anos. Relembra sua despedida da mãe, com os olhos secos, porém, depois, de muitas lágrimas derramadas às noites, sozinho, com a cabeça coberta pelo lençol.
Terminada a escola preparatória alistou-se como soldado no Regimento Real de Tanques da Primeira Guerra Mundial, tendo sido condecorado como herói por extrema bravura. Voltando à vida civil, estudou História Moderna na Universidade de Oxford, além de Filosofia, Teologia e licenciatura em Letras. Fez Medicina, tornando-se psiquiatra e terapeuta na Clínica Tavistock, época em que se aperfeiçoou em Psicanálise e, em Freud. Foi um terapeuta inovador durante sua participação na Segunda Guerra Mundial. Sua análise com Melanie Klein, sua genialidade, sua cultura, o levaram às concepções originais, intensa produção científica, inúmeras obras publicadas. e seminários clínicos em diversos países do mundo. Tornou-se Analista Didata da Sociedade Britânica de Psicanálise, onde foi presidente. A convite, foi morar em Los Angeles onde teve fiéis discípulos, entre eles James Grotstein. Em sua vida pessoal, foi casado, teve filhos e fez amigos.
Deixa um legado de obras extraordinárias onde o âmbito científico se articula com o poético. Cria um modelo de funcionamento mental e do pensar, salientando a importância da experiência e do aprendizado. Desvela-nos, entre outros, a complexidade mental, a nossa dependência da rêverie materna na construção de nossos pensamentos e a importância da busca da experiência da verdade.

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