Neste mês de abril, comemora-se o aniversário de Donald Winnicott (1896-1971). Por isso, deixamos aqui um texto em homenagem a este psicanalista, escrito pelos integrantes do Grupo de Estudos sobre a Obra de Donald Woods Winnicott.

Donald Woods Winnicott nasceu em 7 de abril de 1896, em Plymouth, Grã-Bretanha. Era o terceiro filho, o único menino, de Sir Frederick Winnicott, um rico comerciante metodista.
Em 1916, estudou medicina no Jesus College, em Cambridge. Em 1917, alistou-se na Marinha como médico-assistente até o fim da guerra. Ao retornar, entrou no St. Bartholomew Hospital para tornar-se médico.
Em 1923, foi nomeado médico-assistente no Padington Green Children´s Hospital, onde permaneceria durante 40 anos. No mesmo ano, começou com James Strachey um tratamento analítico que se prolongou por dez anos.
A partir de 1925 apareceram divergências entre posturas teóricas sobre o que deveria ser a psicanálise de crianças. Para Anna Freud seria uma forma nova e aperfeiçoada de pedagogia. Para Melanie Klein era a oportunidade de uma exploração psicanalítica do funcionamento psíquico desde o nascimento. Enquanto Melanie Klein considerava que o tratamento analítico deveria ser parte integrante da educação geral de todas as crianças, Anna Freud replicava e achava que seria necessária somente quando a neurose se manifestava.
Bem, quando Winnicott iniciou sua formação psicanalítica na British Psychoanalytical Society, os conflitos entre os partidários de Anna Freud e os de Melanie Klein aprofundaram-se. Apesar de ter sido influenciado por Melanie Klein, sobretudo no que diz respeito ao mundo interior com seus objetos e fantasias, nunca deixou de afirmar sua independência.
Durante a Segunda Grande Guerra, Winnicott desempenhou a função de Consultor Psiquiátrico para o Plano de Evacuação das crianças durante os bombardeios para uma área de acolhimento localizada nos arredores de Londres. Todos os grandes conceitos winnicottianos são aprofundados a partir desta experiência e fazem parte de um sistema de pensamento fundado na noção de relação: a mãe devotada, preocupação materna primária, mãe suficientemente boa, o verdadeiro e falso self e os fenômenos transicionais.
Winnicott enfatizava a importância da dependência do sujeito em relação ao ambiente. Segundo ele, a relação com uma mãe “suficientemente boa” permitia à criança organizar o seu eu de maneira sadia e estável. Para ele o lactente nunca existe por si só, mas sempre e essencialmente como parte de uma relação.
Em 1949, divorciou-se de sua esposa Alice Taylor e em 1951 casou-se com Clare Britton, que posteriormente com o nome de Clare Winnicott tornou-se psicanalista.
Winnicott foi duas vezes Presidente da Sociedade Britânica de Psicanálise. Apresentou seu primeiro trabalho à Sociedade em 1935, “A defesa maníaca” e em 1945 “Desenvolvimento emocional primitivo”. Mas somente em 1958 publicou o seu primeiro livro de trabalhos psicanalíticos de 1935 até 1956: “Da Pediatria à Psicanálise. Obras Escolhidas”.
A partir daí sua produção científica, que já era enorme e incluía cursos e conferências para pais, professores e assistentes sociais – inclusive através da rede BBC –, aumentou ainda mais, principalmente em trabalhos psicanalíticos. Em 1965, publicou “O Ambiente e os Processos de Maturação” e “A Família e o Desenvolvimento do Indivíduo”, ampliando e desenvolvendo trabalhos de “Da Pediatria à Psicanálise” e de “A Criança e seu Mundo”.
Finalmente, em 1971 tentou dar um fecho em sua obra com “O Brincar e a Realidade”. Seus trabalhos póstumos são “Fragmentos de uma Análise” (1972), “O Medo do Colapso” (1974) e “The Piggle” (1978).
Grupo de Estudos sobre a Obra de Donald Woods Winnicott
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