
Ainda sem sabermos razoavelmente onde estamos, que planos ou terrenos são esses onde nos vimos jogados, continuar é preciso. O impacto da pandemia nos assola qual meteorito no meio do dia e nos obriga a aprender a com-viver com teorias e conceitos feitos verdades cruas e inexoráveis, não mais letras ou livros, mas carne e sangue.
Não bastasse o absurdo da situação de saúde pública, não bastasse o medo da morte e da dor, não bastasse o assombro da calamidade que expõe de forma contundente os ainda animalescos aspectos do homem e suas desigualdades, vivemos um momento de crise política que nos deixa atônitos e inseguros.
A Psicanálise foi construída sobre os pilares sólidos da busca da verdade e do respeito humano. Estes, mais do que solo forte, são indicadores de posturas teórico-clínicas que nos orientam e nos ajudam no exercício da difícil tarefa de tentar diminuir o sofrimento do outro. A Ética, aquela que deveria constituir-se no guia máximo das ações coletivas, parece há muito esquecida. No entanto, aferrados a ela manifestamos nosso repúdio a todo e qualquer ato de desrespeito para com a verdade, a vida e a liberdade. Não se constrói países ou comunidades com a desconsideração e desprezo pelas diferenças, ou ainda com o estabelecimento do medo e da dominação pela violência, seja do ato ou da palavra.
Mais do que nunca, a saúde mental da humanidade é abalada, o sofrimento e a frustração, o terror e a insegurança exigem um aparato psíquico que faça frente aos acontecimentos atuais, solicitando de todos maturidade e generosidade.
A vida coletiva só se mantém quando calcada em princípios de respeito mútuo, consideração e empatia. A SBPRP defende fortemente os ideais de liberdade, individualidade e transparência, esperando que a lucidez e o bom senso, acompanhados de boa vontade, solidariedade e compaixão, prevaleçam entre aqueles que recebem, a cada tempo e momento, a missão de cuidar de seus semelhantes.
CONSELHO DIRETOR DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICANÁLISE DE RIBEIRÃO PRETO
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