A Diretoria de Publicações da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto ganhou um importante membro em sua comissão de Produção de conteúdo: Gislene Andrade Santos.

Estaremos eu, Sônia Maria Nogueira de Godoy e Gislene, a partir de agora, trazendo textos inspirados em datas significativas para toda a nossa sociedade.

Com alegria, oferecemos o início desse novo projeto: “AFETOS: PASTOREIROS DE ALMAS”.Em nosso primeiro post, abrindo com chave de ouro, temos Ana Regina Morandini

Em nosso primeiro post, abrindo com chave de ouro, temos Ana Regina Morandini

Maternidade – Mary Cassatt, 1897

Caldeira, com “Sobre colos”, onde comemoramos o Dia das Mães.

Sobre colos

por Ana Regina Morandini Caldeira

Ouvimos e já nos emocionamos muito com Renato Russo, ao cantar assim: Estou com medo. Tive um pesadelo. Posso dormir aqui com você?Parafraseando um filho a pedir colo.

Que aconchego é esse solicitado, para que os bons sonhos possam se aproximar?

Estamos nos avizinhando ao Dia das Mães e a psicanálise nos remete, com frequência, a esta função tão nobre. Nos conta sobre a gênese do nascimento a partir de experiências emocionais compartilhadas, através das veries compostas por uma dupla criativa. Estaríamos falando sobre a função materna possível, que compõe um sonhar a dois que explica a fúria do mundo” e acaba por dizerporque o céu é azul”?

Mas quando o céu é azul? Seria quando uma mãe gera um filho, e vice-versa?

Ao longo de sua trajetória, a psicanálise percorreu espectros que inspiraram nosso pensar sobre este tema, desde as ‘mães mortas’ ou depressivas e ausentes, passando pelos ‘seios maus e bons’ a partir da visão inicial de um bebê, e chegando até as ‘mães suficientemente boas’, presentes com seus recursos e limitações, em condição fundamentalmente humana.

Trilhou um caminho a nos mostrar, enquanto ‘mães-pais-analistas’ que somos, o quanto é possível o uso da maternagem para acolher e desintoxicar os componentes mentais mais indigestos e assustadores, dando-lhes significados passíveis de sonhos.

Aqui vai a nossa homenagem para todas as ‘mães’ que oferecem suas almas enquanto úteros à gerar vida, e consagram o encontro de cada sujeito consigo mesmo. Cuja relação fecunda, acaba por acalantar e dizer dorme agora, é o vento lá fora”.

*Os trechos entre aspas em itálico dizem respeito a música Pais e filhos, do Legião Urbana (1989)